A “Democracia” Hipermoderna
Depois de assistir uma discussão numa lista sobre regimes totalitários e democráticos, sem ter dito nada, tentarei mostrar algumas opiniões sobre os sistemas governamentais de estados nacionais.
Primeiramente temos que pensar o que significa a democracia, na forma que o termo é usado hoje em dia. Evidentemente não podemos comparar o significado do conceito com o empregado na antiguidade. Fica difícil até mesmo crer que seja possível utilizá-lo para definir os sistemas políticos hipermodernos. Apenas serve como instrumento fortemente ideológico, que poderia ser substituído por termos como: governos representativos. O que implicaria ideologicamente na mudança do pensamento da representatividade legitimar a vontade da maioria da população nas políticas governamentais. Reforçar a idéia do sufrágio universal foi um argumento forte das revoluções burguesas que tentavam acabar com o Antigo Regime, mas fica difícil aplicar a mesma idéia para uma nação latino-americana com pouca experiência com este tipo de governo como o Brasil.
Um outro ponto se refere ao fato de ser quase indissociável um governo democrático de algum controle dos votos e/ou da necessidade de aliados por parte das frentes eleitas para conseguirem manter seus governos. Estes, entre outros fatores, levam geralmente a corrupção dos políticos (tem que saber roubar pra fazer política), desacreditando mais ainda a democracia representativa (na América Latina o descrédito destas instituições é evidente). E nós conseguimos ver isso acontecer na maior potência econômica mundial, onde mesmo vencendo uma eleição o candidato não sobe ao poder, ou em paises sul-americanos com economias emergentes. Defender um sistema, tanto liberal quanto socialista, com base nesse tipo liberdade eleitoral é geralmente defender a corrupção e o controle dos votos. Não imagino que uma nação ao fazer uma revolução socialista escolhendo o regime democrático, consiga manter-se sem controlar os votos e corromper seus eleitos. O mesmo pode-se aplicar aos paises liberais que escolhem a democracia representativa, como se vê na maior parte das nações do mundo. Só peço que não façam deduções mecânicas achando que ao criticar a democracia eu prefira um regime autoritário, eu quero pensar em outras soluções possíveis para os regimes (e como minha ideologia manda, para os regimes de caráter socialista).
Saindo desse assunto, já bastante batido, para tocar em outro ponto da discussão da lista. Este não tanto político, mas mesmo assim político de alguma forma. Alguém disse a certa altura da discussão que não concordava que se possa matar por um bem maior. Parece que não conseguem notar que as mudanças fundamentais da humanidade passaram por massacres que visavam um bem maior, ou será que nós vivemos num mundo liberal-burguês sem ter ocorrido nenhum derramamento de sangue? A Revolução Francesa é um exemplo grandioso de mortes por um bem maior. Podemos citar exemplos como o Fascismo, as ditaduras latino-americanas etc. Que foram claramente atos em nome de um bem maior, mesmo que depois nós admitamos que este bem maior não era tão bom assim.
Fato é que provavelmente o mundo liberal-burguês só acabara com banho de sangue. Torna-se bastante falacioso acreditar numa reforma dentro do sistema, ainda mais num sistema democrático representativo sem nenhuma credibilidade.
Finalmente temos que pensar, para o futuro da política mundial, em formas alternativas de governos, em outras formas de regimes diferentes das atuais e colocá-las em prática, pois parece não ter muito tempo de vida a democracia representativa. O vazio no governo é um convite a regimes mais duros, os que querem tanto o fim das ditaduras deveriam se preocupar em pensar e praticar as alternativas ao modelo atual e não discutir os malefícios dos governos ditatoriais, que não precisam tomar tanto de nossa atenção. Temos é que olhar a ditadura que nós não percebemos e deixar de acreditar na falácia democrática da modernidade. |