À Procura da Felicidade
Fui ver o filme "À procura da felicidade", com Will Smith. De cara já adianto
que é excelente. Maravilhoso. Tocante. Tem uma mensagem profunda que exalta a
capacidade de um homem obstinado tomar as rédeas de sua própria vida, levar
adiante seus próprios sonhos, superar as dificuldades e, ainda, criar e educar
sozinho seu único filho.
O filme é também um prato cheio para liberais e um golpe nos estatiofílicos.
Prato cheio porque Chris Gardner, personagem real interpretado por Will Smith, é
um self made man à antiga. Saiu do nada e chegou no tudo. Sozinho. Dirão os
liberais: o governo, quando aparece no filme, é pra cobrar impostos atrasados e
dizimar a já abalada poupança de Gardner, acumulada com muito suor. Chris
trabalha pra si próprio - investiu suas economias em máquinas de scanner para
médicos que revelam-se verdadeiros elefantes brancos - , mas sua persistência o
leva a vendê-las por completo. É quando surge a mordida do leão...
O filme é um golpe nos anti-liberais porque Chris limpa, também sozinho, a
sujeira que insistem em lhe colocar sobre os ombros. Passa por mil apertos, mas
não deixa de lado seu sonho de melhorar de vida. Mesmo quando tem que dormir no
banheiro do metrô junto com o filho ou nos albergues municipais repletos de
mendigos. Mesmo quando mal tem dinheiro pra se alimentar ou é preso devido a
multas de trânsito. Estuda pesadamente na tentativa de um estágio, não
remunerado, que lhe possibilitaria uma melhora de vida. Possibilitaria porque...
Bem, vá ver o filme.
Mas o filme pode pregar uma peça nos liberais, como parece ter prego em Rodrigo
Constantino. Em texto no seu blog (http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2007/02/procura-da-felicidade.html),
Constantino diz: "Fora isso, o filme desmonta a crença do Estado paternalista,
que irá cuidar dos pobres. Pelo contrário, o governo aparece para tirar na marra
e sem aviso o dinheiro que Gardner conseguiu juntar com a venda de scanners para
médicos, alegando impostos atrasados. (...) Esse é um retrato da realidade. O
governo, para dar algo, antes precisa tirar, e normalmente o fardo recai sobre
os mais pobres.".
Um puro liberal talvez desse razão a Rodrigo Costantino. Como eu disse
anteriormente, o governo apareceria como confiscador de poupanças. Mas,
considerando novamente tratar-se de uma peça pregada, e não de falácia assumida,
sou obrigado a discordar de Constantino. Gardner, quando na miséria, refugiou-se
em abrigos municipais, como eu disse. Abrigos públicos. DO GOVERNO.
Ora, é este o governo que defendo aqui. Um governo que taxe os mais ricos (não
os ferrados, como Gardner) e utilize esse dinheiro para construir mecanismos
pelos quais os indivíduos podem, sozinhos, buscar sua felicidade. O governo não
deve impor felicidade aos outros, pois desse modo tratará os cidadãos sempre
como ovelhas. O governo tampouco deve inexistir, ou existir minimamente. O
governo deve ser simplesmente um neutro meio de se alcançar a felicidade. O
governo deve existir como nos abrigos que Chris Gardner aproveitou, e sem os
quais não conseguiria ir mais longe com seu filho.
Em suma, os homens vivem sozinhos, mas não sobrevivem sozinhos. Apenas um tipo
de pessoa poderia ignorar os abrigos municipais: aquele que não sabe o que é
passar fome.
3 Comments:
Que bonitinho.
Bonitinho ahuahuaha
Gostei do mundo perfeito onde existem governos neutros, q dessa forma nos proporcionam felicidade.
Lurian, vc não entendeu nada, heim?
Não é governo que tem que nos proporcionar felicidade, zé mané.
Tinha que ser comunista.
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